quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Filosofia da defesa

...acho que foi por receio. Receio de passar por todos aqueles fatídicos sentimentos, novamente... aqueles que eu já deveria estar esperando, bem como, preparado para enfrentá-los.
Não adianta escrever que vai ser diferente, está mais que visível. Então, é aqui que minhas defesas deveriam aparecer. Era aqui que eu deveria ter aprendido alguma coisa...

Acredito até que certas posturas assumidas tenham sofrido influência dessa espécie de defesa. A defesa através do engano, da incredulidade; uma tentativa furada do meu próprio inconsciente dizendo que não queria chegar nesse ponto... não agora, não dessa maneira, não dessa vez. Mas, como disse, não funcionou.

Às vezes, o que é leve demais, escapa e atinge distâncias inimagináveis... Mas, o que é leve de um lado, pode pesar muito do outro. Não é intencional, deixa-se cair ao acaso, deixa-se cair por não ter mais meios que o carregue e, assim, fica pelo caminho, perdido e cego, martelado no chão por passos apressados.

O cansaço do corpo reflete o do interior. Só por isso, preciso de uma filosofia que me ajude a viver na indiferença.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Singularidades

Às vezes, sentimos a necessidade de viver pelos outros. De sofrer a dor por outra pessoa, de passar pelas adversidades em seu lugar, de tomar sua posição frente a qualquer desavença... mas, o mundo não funciona assim.
Assim como um egoísmo exagerado pode se tornar um incômodo, o altruísmo em mesma instância assume o mesmo patamar. Essa sensação de tomar o lugar de outra pessoa nos vem como um mecanismo de defesa, uma "cápsula protetora", onde nós mesmos, nos tornamos a parte exterior, aquela que sofre os danos e as perdas.
Acredito que esse estado se desenvolve quando, diante de uma situação frágil para a outra pessoa, não temos muito a oferecer além de um singelo abraço. Então, nosso senso de afeição explode e torna explícito esse altruísmo exacerbado.
Porém, essa manifestação raramente é interpretada da maneira correta, se é que existe uma. Dessa forma, o que era puro e simples é visto de modo pejorativo, é negado... é enxergado como uma caridade desnecessária. E, então, inibimos aquela explosão, abafamos o som e fica bem como está. [Fica bem, como está?]

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sublimação

Nunca atuei sob essa escola.
Eu quero o papel, mas ele não cabe em mim... eu passei no teste, mas tenho fobia de público, tenho fobia de você... da sua indiferença ao me ver sorrir, mas adoro sua vergonha quando te faço rir.
Tenho [procuro ter] aversão ao pensamento que você constrói depois de cada momento nosso... Parece não modificar sua estrutura quando eu fico abalado... mas demonstra ter uma base frágil quando me mantenho fixo.
É um não dizer, querendo dizer... um não pensar, querendo pensar... um não vivenciar, querendo viver.

Mesmo tentando inibir qualquer profundidade, não é possível ser totalmente raso.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Chovem vírgulas aqui, e não é rara uma tempestade de pontos finais.
As pontes dos travessões atravessam os diálogos desentoando suas (inter)locuções.
No pensamento, não tinha que ter nada... nem exclamações e, muito menos, interrogações.
Mas... as reticências... brincando, deixam subentendida toda e qualquer palavra...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Pois é...

"Pois é, até
Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri..."

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Irreal

Acho que andei vivendo num sonho durante muito tempo... mas, meio que ao contrário.
Em vez de viver a realidade na maior parte do tempo e sonhar só de noite, eu sonhava o dia todo e tinha lapsos de realidade que fazia questão de ignorar e não-pensar.
Estava encantado com uma vida que não era minha... queria tudo de uma outra vida pra mim: desde as alegrias até os problemas... queria cuidar, queria ser cuidado, queria ter cuidado melhor pra não deixar cair, mas não foi possível... não foi passível de ser seguro... as pedras todas estavam soltas e a base desmanchou, manchou o que era impecável, na essência.

Acho que, agora, preciso me readaptar a essa realidade. Preciso deixar saturar, tornar simples uma coisa de extrema complexidade... preciso sintetizar, absorver e digerir essa angústia... mas só preciso fazer, porque aprender, eu aprendi... sim, foi algo construtivo, nesse aspecto, eu diria, até mesmo, que foi bom. Definindo em uma palavra: amadurecimento.

E, feliz ou infelizmente, essa casca que se formou ao meu redor, não se desfará jamais... não voltarei para essa realidade sendo o mesmo de antes... estou voltando maior e mais conformado com o que posso e com o que ainda vou encontrar...

Muito tempo sem escrever... me deixa assim.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Vida

Sinto vida correndo em minhas veias.
Posso prever o próximo lugar em que meu sangue correrá.
Sinto o que faz viver!
Sinto a vida!
E vivo!
E digo: é bem melhor assim!

"Cada lugar na sua coisa" ou exatamente o contrário... tanto faz.
O que realmente faz sentido é a exatidão das coisas, a simplicidade com que ocorrem (e como ocorrem) e a maturidade em absorvê-las!
É "somente" viver!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Deixo, sim!

Se eu deixo estar... se fica assim, não rende, não anda, não sai do lugar.
A não ser que isso cresça, que se encaminhe pro lado bom!

Mas, preciso da base e da certeza.
Preciso esquecer de pensar... aliás, preciso pensar menos!
Não pensar...

Não adianta o silêncio falar tão alto se, mesmo assim, não se pode ouvir.
É preciso deixar-se levar pelo som desse silêncio... ouvir a música que ecoa como um pedido!
Tantas reticências e tantas palavras escondidas... exatamente como sempre, tanto nos meus como nos seus desabafos!

Mas, é assim, eu sei!

Canção

"Amor, não chora, se eu volto é pra ficar
Amor, não chora, que a hora é de deixar
O amor de agora, pra sempre há de ficar
Eu quis ficar aqui, mas não podia
O meu caminho a ti, não conduzia..."

Geraldo Vandré

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Final de um ciclo

É estranho ter a sensação de que o tempo passa comparada a um tanto de água escorrendo entre os dedos. Os olhos piscam e, em uma fração de segundos, tudo já não é mais como foi. Misturam-se todos os momentos ao ar; tudo o que se tornaria claro, já não passa de cinzas, meras reticências...

Eu nunca entendi o que você quis dizer. Nunca soube ler seu emaranhado de letras e canções e nem suas cerejas molhadas ou suas flores iluminadas pelo sol.
Talvez algumas coincidências ganharam proporções muito grandes e se confundiram aos sentimentos. Eu nunca entendi... talvez porque nem falamos a mesma língua.

Foi triste não saber como transparecer.
O que resta, senão talvez algumas visitas futuras ou palavras mínimas somente para saber como vão as coisas?!

Tudo isso num futuro incerto que passou por cima de um passado quase imperceptível.