quarta-feira, 29 de novembro de 2017

sorriso azul

Consigo me lembrar muito bem. Se eu fechar os olhos e me deixar levar, quase me transporto para aquele mesmo instante em que por um lapso comunicacional em nossa focada tentativa de adivinhar qual música aquele aplicativo reproduzia, você se confundiu... mas eu, ah!, eu tive certeza. Eu tive a certeza!

A gente desatou a rir. E no meio de tantas risadas, te olhei e vi, naquela luz azul tão única, te vi sorrindo como se não houvesse nada no mundo que lhe pudesse tirar esse sorriso do rosto. - Então, uma pausa, segura o riso, não consegue, tenta de novo, outra pausa e a gente desata a rir de novo... naquela noite a gente riu até adormecer e esse rio que corre dentro de mim teve, enfim, a chance de desaguar em um leito possível, margeado pelo seu sorriso.

Se eu fechar os olhos e me deixar levar, posso me transportar para aquele instante único - azul - em que pude perceber que eu te amo.

sábado, 14 de outubro de 2017

#sur l'amour

"O amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética."
A insustentável leveza do ser - p.205
Milan Kundera

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pedaços

Não sou mais um inteiro, se é que fui. É como aquele vaso que solta uma lasca assim que é comprado na loja e sempre deixa rastros de pó de louça em volta de onde é colocado. Até que, um dia, durante a mudança, ele cai do caminhão, mas como tem um valor sentimental, você tenta colar os pedaços... sem sucesso. Um café requentado pode enganar, mas nunca terá o mesmo gosto daquele feito na hora.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Filosofia da defesa

...acho que foi por receio. Receio de passar por todos aqueles fatídicos sentimentos, novamente... aqueles que eu já deveria estar esperando, bem como, preparado para enfrentá-los.
Não adianta escrever que vai ser diferente, está mais que visível. Então, é aqui que minhas defesas deveriam aparecer. Era aqui que eu deveria ter aprendido alguma coisa...

Acredito até que certas posturas assumidas tenham sofrido influência dessa espécie de defesa. A defesa através do engano, da incredulidade; uma tentativa furada do meu próprio inconsciente dizendo que não queria chegar nesse ponto... não agora, não dessa maneira, não dessa vez. Mas, como disse, não funcionou.

Às vezes, o que é leve demais, escapa e atinge distâncias inimagináveis... Mas, o que é leve de um lado, pode pesar muito do outro. Não é intencional, deixa-se cair ao acaso, deixa-se cair por não ter mais meios que o carregue e, assim, fica pelo caminho, perdido e cego, martelado no chão por passos apressados.

O cansaço do corpo reflete o do interior. Só por isso, preciso de uma filosofia que me ajude a viver na indiferença.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Singularidades

Às vezes, sentimos a necessidade de viver pelos outros. De sofrer a dor por outra pessoa, de passar pelas adversidades em seu lugar, de tomar sua posição frente a qualquer desavença... mas, o mundo não funciona assim.
Assim como um egoísmo exagerado pode se tornar um incômodo, o altruísmo em mesma instância assume o mesmo patamar. Essa sensação de tomar o lugar de outra pessoa nos vem como um mecanismo de defesa, uma "cápsula protetora", onde nós mesmos, nos tornamos a parte exterior, aquela que sofre os danos e as perdas.
Acredito que esse estado se desenvolve quando, diante de uma situação frágil para a outra pessoa, não temos muito a oferecer além de um singelo abraço. Então, nosso senso de afeição explode e torna explícito esse altruísmo exacerbado.
Porém, essa manifestação raramente é interpretada da maneira correta, se é que existe uma. Dessa forma, o que era puro e simples é visto de modo pejorativo, é negado... é enxergado como uma caridade desnecessária. E, então, inibimos aquela explosão, abafamos o som e fica bem como está. [Fica bem, como está?]

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sublimação

Nunca atuei sob essa escola.
Eu quero o papel, mas ele não cabe em mim... eu passei no teste, mas tenho fobia de público, tenho fobia de você... da sua indiferença ao me ver sorrir, mas adoro sua vergonha quando te faço rir.
Tenho [procuro ter] aversão ao pensamento que você constrói depois de cada momento nosso... Parece não modificar sua estrutura quando eu fico abalado... mas demonstra ter uma base frágil quando me mantenho fixo.
É um não dizer, querendo dizer... um não pensar, querendo pensar... um não vivenciar, querendo viver.

Mesmo tentando inibir qualquer profundidade, não é possível ser totalmente raso.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Chovem vírgulas aqui, e não é rara uma tempestade de pontos finais.
As pontes dos travessões atravessam os diálogos desentoando suas (inter)locuções.
No pensamento, não tinha que ter nada... nem exclamações e, muito menos, interrogações.
Mas... as reticências... brincando, deixam subentendida toda e qualquer palavra...